Um pastorzinho, notando certa manhã a falta de várias ovelhas, enfureceu-se, tomou da espingarda e saiu para a floresta.
- Raios me partam se eu não trouxer, vivo ou morto, o miserável ladrão das minhas ovelhas! Hei de campear dia e noite, hei de encontrá-lo, hei de arrancar-lhe o fígado...
E assim, furioso, a resmungar as maiores pragas, consumiu longas horas em inúteis investigações.
Cansado já, lembrou-se de pedir socorro aos céus.
- Valei-me, Santo Antônio! Prometo-vos vinte reses se me fizerdes dar de cara com o infame salteador.
Por estranha coincidência, assim que o pastorzinho disse aquilo apareceu diante dele um enorme leão, de dentes arreganhados.
O pastorzinho tremeu dos pés à cabeça; a espingarda caiu-lhe das mãos; e tudo quanto pôde fazer foi invocar de novo o santo.
- Valei-me, Santo Antônio! Prometi vinte reses se me fizésseis aparecer o ladrão; prometo agora o rebanho inteiro para que o façais desaparecer.
No momento do perigo é que se conhecem os heróis.
Interpretação e moral da história
A história do pastor e do leão é das poucas das Fábulas protagonizada por um personagem humano e não por um animal - embora os animais desempenhem papel importante na narrativa do pastor e do leão.
A fábula contada por Monteiro Lobato fala ao pequeno leitor sobre a força de um pedido realizado. Ela mostra o poder do pensamento do pastor e as consequências práticas desse desejo quando finalmente acontece aquilo que o protagonista tanto ansiava.
A lição da fábula nos introduz a sabedoria de que só conhecemos verdadeiramente os fortes quando eles são colocados à prova, em situações de risco. É o caso do pastor, que a princípio parece muito valente, mas que afinal acaba por se revelar um medroso quando o seu pedido finalmente se torna realidade.
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