Mostrando postagens com marcador superação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador superação. Mostrar todas as postagens

A Ema que Não Sabia Correr

A Ema que Não Sabia Correr
#FábulasInfantis #FábulaInfantil #Fábulas #Fábula #ErdnaZiulSedranreb #HistóriaParaCrianças #preguiça #floresta #sabedoria #faunabrasileira #Pará #liçãodemoral #infantil #ema #Bahia #desenvolvimentoinfantil #superação #sertão #faunabrasileira #liçãodemoral


DOE UM CAFÉ

No vasto sertão da Bahia, onde o sol se deita preguiçoso nas dobras do chão rachado, vivia uma ema jovem chamada Celina. Suas penas cinzentas se confundiam com a terra seca, e seus olhos redondos sempre pareciam distantes, como se procurassem algo que ela mesma não sabia o que era.

Celina era diferente das outras emas da região. Enquanto todas corriam como flechas entre os arbustos e espinhentas veredas do semiárido, ela mancava, hesitava, tropeçava nas pedras e nos próprios passos.

— Celina, uma ema que não corre? Como assim? — zombava o periquito-de-papo-roxo, que vinha do sul da Bahia só para rir das dificuldades alheias.

— Não ligo para isso — murmurava Celina, baixando os olhos.

Mas, no fundo, doía. Mais do que os tombos, doía a vergonha de não ser como as outras.

Um dia, o ancião da savana, o tamanduá-bandeira baiano chamado Ziraldo, convocou todos os animais para anunciar o grande evento da estação:

— Em breve teremos a Corrida do Sertão. É tempo de medir não só a força das pernas, mas a força do coração!

Todas as emas vibraram, sacudindo suas asas curtas com entusiasmo. Todos... menos Celina.

— Você vai participar? — perguntou Dora, uma jacucaca, sua única amiga.

— Eu? Claro que não. Você já viu como eu corro?

— Já vi como você não desiste, Celina. E isso é raro.

Naquela noite, sentada sob um mandacaru, Celina lembrou de uma estória que ouvira de sua avó, quando ainda era um filhote trêmulo:

— Havia um guará-do-litoral de Sergipe que tinha medo da água. Todos riam. Um dia, a maré subiu tanto que ele teve que atravessar um mangue. Foi devagar, pé ante pé, e descobriu que podia nadar. Não era rápido, mas era bravo. E isso ninguém podia negar.

Essas palavras bateram em seu peito como tambores.

Na manhã seguinte, sem contar a ninguém, Celina começou a treinar.

Ela não corria como as outras. Seu passo era curto, seu ritmo, irregular. Mas ela continuava. Cada dia um pouco mais. Corria ao nascer do sol, quando ninguém via. Corria à noite, sob o luar tímido. Corria mesmo quando o chão queimava.

Seu corpo doía, mas sua alma começava a se iluminar com algo novo: persistência.

— O que está fazendo, Celina? — perguntou o cágado-do-brejo, surpreso ao vê-la sozinha.

— Estou aprendendo a respeitar meus limites... e a empurrá-los com carinho.

No dia da grande corrida, todos estavam prontos. As emas alinhadas, altivas e velozes. Quando viram Celina chegar, ouviram risos abafados.

— A Ema que não sabia correr? Isso vai ser engraçado.

Ziraldo ergueu o rabo longo e anunciou:

— Que comece a Corrida do Sertão!

O chão tremeu. As mais rápidas dispararam como raios. Celina ficou para trás logo nos primeiros metros. Mas não parou.

O sol subia. O calor apertava. As mais velozes começaram a cansar, tropeçar, desviar.

Celina mantinha seu ritmo. Firme. Suado. Determinado.

Lembrou da maré do guará. Da voz da avó. Do olhar de Dora. Lembrou que, ali, não era sobre vencer os outros, era sobre vencer a si mesma.

Quando cruzou a linha final, não havia medalhas. Mas havia olhos marejados, silêncios respeitosos.

Ziraldo se aproximou:

— Você chegou por último. Mas chegou com algo que os primeiros não trouxeram: inspiração.

O periquito, calado pela primeira vez, olhou para o chão. Dora voou até Celina e a abraçou com as asas:

— Você não corre como as outras, Celina. Você corre como você mesma. E isso é mais bonito do que qualquer troféu.

Naquela tarde, o sertão soube de uma nova verdade: não é a velocidade que mede uma ema, mas a força do seu esforço. Celina passou a ajudar outras aves que tinham medo de correr, medo de tentar. Ensinava que o primeiro passo era mais importante que a chegada.

A lição de moral da fábula ecoou pelas veredas quentes:

“Não é o passo mais rápido que vence o caminho, mas o passo que não para. A verdadeira corrida é contra o medo de tentar.”

E assim, entre mandacarus e céus sem nuvens, a estória da Ema que Não Sabia Correr tornou-se símbolo de superação, autoestima e coragem silenciosa, nas trilhas secas e vibrantes da Bahia.


As Pegadas do Lobo Solitário - Erdna Ziul Sedranreb

As Pegadas do Lobo Solitário - Erdna Ziul Sedranreb
#FábulasInfantis #FábulaInfantil #Fábulas #Fábula #ErdnaZiulSedranreb #HistóriaParaCrianças #Amizade #Confiança #Superação #Coragem #Natureza #Cooperação

DOE UM CAFÉ


Em uma vasta planície, um lobo chamado Téo vive isolado, acreditando que sua força o torna independente. Suas pegadas, grandes e profundas, impressionam os outros animais, mas ninguém se aproxima, temendo seu temperamento. Um dia, Téo percebe que suas pegadas estão sendo seguidas por um filhote de coelho curioso, chamado Pip. O lobo tenta ignorar o pequeno, mas Pip insiste em acompanhá-lo, perguntando por que ele vive tão sozinho. A jornada dos dois revela que até o mais forte precisa de amigos.

Téo, inicialmente irritado, começa a perceber que Pip não tem medo dele, mas sim admiração. O coelho compartilha histórias de sua família, onde todos se ajudam, e pergunta por que Téo prefere a solidão. Relutante, o lobo conta que, no passado, confiou em outros e foi traído, decidindo nunca mais depender de ninguém. Pip, com sua inocência, sugere que nem todos são iguais e que a amizade pode curar velhas feridas. Juntos, eles enfrentam uma tempestade que ameaça a planície.

A tempestade revela um problema maior: um desfiladeiro instável que pode desmoronar, bloqueando o acesso à água. Téo, com sua força, tenta mover as rochas sozinho, mas falha. Pip sugere que eles peçam ajuda aos outros animais, mas Téo resiste, temendo ser rejeitado novamente. Pip, com sua persistência, convence um grupo de cervos, raposas e pássaros a ajudar, mostrando que as pegadas de Téo inspiram respeito, não medo.




O grupo trabalha junto, e Téo começa a confiar nos outros, percebendo que sua força é ainda maior quando compartilhada. Ele aprende que as pegadas que deixa não são apenas marcas de sua passagem, mas um convite para outros seguirem seu exemplo de coragem e mudança. A planície se torna um lugar de cooperação, e Téo, agora menos solitário, encontra um novo propósito.

A fábula termina com Téo e Pip caminhando juntos, suas pegadas lado a lado na terra. As crianças aprendem que a força verdadeira vem da confiança mútua e que até os mais independentes precisam de amigos. A história celebra a amizade, o perdão e a superação de velhos medos.



Téo, o lobo, atravessava a planície com passos firmes, deixando pegadas profundas na terra seca. Seus olhos cinzentos observavam o horizonte, e seu uivo ecoava à noite, solitário, mas poderoso. Os outros animais o admiravam de longe, mas ninguém ousava se aproximar. “Ele é forte demais para precisar de nós,” diziam. Téo gostava disso – ou pelo menos era o que dizia a si mesmo. Ele acreditava que a solidão era sua maior força.

Uma manhã, enquanto caminhava, Téo notou algo estranho: pegadas minúsculas seguiam as suas. Ele farejou o ar e encontrou Pip, um filhote de coelho, pulando alegremente atrás dele. “Por que está me seguindo?” rosnou Téo. Pip, sem medo, respondeu: “Suas pegadas são tão grandes! Quero saber aonde vão!” O lobo bufou, mas o coelho continuou a segui-lo, falando sobre sua família e como todos se ajudavam.

Téo tentou ignorar Pip, mas a curiosidade do coelho era incansável. “Por que você vive sozinho?” perguntou Pip. Relutante, Téo contou que, anos atrás, confiara em outros lobos que o abandonaram em um momento de necessidade. “Nunca mais confiarei em ninguém,” declarou. Pip, com olhos brilhantes, disse: “Nem todos são assim. Minha família me ensinou que juntos somos mais fortes.” Téo riu, mas as palavras ficaram em sua mente.

Dias depois, uma tempestade varreu a planície, trazendo ventos fortes e chuvas torrenciais. Téo e Pip se abrigaram sob uma rocha, mas logo notaram um problema: o desfiladeiro que levava ao rio estava instável, com rochas soltas ameaçando desmoronar. Sem acesso ao rio, os animais da planície ficariam sem água. Téo, confiante em sua força, tentou mover as rochas sozinho, mas elas eram pesadas demais. Ele caiu, exausto, frustrado com sua falha.

Pip, sem hesitar, correu até os outros animais. “Téo precisa de ajuda!” exclamou. Os cervos, raposas e pássaros hesitaram – afinal, Téo sempre fora tão distante. Mas Pip insistiu: “As pegadas dele mostram o caminho. Ele é forte, mas precisa de nós.” Aos poucos, os animais se reuniram. Um cervo usou seus chifres para alavancar as rochas, enquanto as raposas cavavam o solo solto e os pássaros alertavam sobre perigos.

Téo observava, surpreso. Ele nunca imaginara que os outros o ajudariam. Com o trabalho em equipe, as rochas foram movidas, e o caminho para o rio foi liberado. Pela primeira vez, Téo sentiu algo novo: gratidão. Ele agradeceu a Pip e aos outros, percebendo que sua força não o tornava invencível, mas podia inspirar os outros. “Vocês seguiram minhas pegadas,” disse ele, “e eu seguirei as de vocês agora.”

A planície se transformou após aquele dia. Os animais, antes distantes, começaram a trabalhar juntos. Téo, que sempre caminhara sozinho, agora era visto com Pip e outros ao seu lado. Suas pegadas, antes solitárias, agora se misturavam com as de seus novos amigos. Ele aprendeu que a solidão não era força, mas a confiança nos outros sim.

Pip, com sua energia inesgotável, tornou-se o melhor amigo de Téo. Juntos, eles exploravam a planície, ajudando outros animais em apuros. Téo contava histórias de suas andanças, e Pip as enfeitava com sua imaginação. Os outros animais começaram a ver Téo não como um lobo solitário, mas como um líder que inspirava união. As pegadas de Téo, agora, eram um símbolo de esperança.

A notícia da coragem de Téo e Pip se espalhou pela planície. As crianças da vila próxima começaram a contar a história, imaginando suas próprias pegadas na terra. Téo, que antes temia confiar, aprendeu a perdoar e a construir novas amizades. Ele percebeu que suas pegadas não eram apenas marcas, mas um convite para outros seguirem seu exemplo.

Anos depois, Téo e Pip ainda caminhavam juntos. O desfiladeiro, agora seguro, era usado por todos os animais. Téo, com seu uivo menos solitário, tornou-se um guardião da planície. Ele ensinava os filhotes a trabalharem juntos, contando como um pequeno coelho mudou sua vida. A lição de Téo ecoava: ninguém é forte o suficiente para viver sozinho.




A fábula de Téo e Pip ensina às crianças que a verdadeira força está em confiar e colaborar. As pegadas que deixamos no mundo podem inspirar outros, mas também precisamos das pegadas alheias para nos guiar. A história celebra a amizade que transforma e o poder de superar velhos medos.


Outras Estórias:


Posts

A Ariranha e o Som do Fim da Tarde