Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria de uma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à Lua.
- Acho - disse um eles - que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
- Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Dizer é fácil, fazer é que são elas!
Interpretação e moral da história
Em A assembleia dos ratos a fábula sublinha para o pequeno leitor a dificuldade de passar da teoria para a prática frisando a diferença entre o dizer e o fazer.
Os ratos rapidamente concordam com a brilhante ideia de colocar no gato Faro-Fino um guizo para saber quando ele se aproxima. O único rato que vai contra a votação, identificado como casmurro (adjetivo que quer dizer teimoso, obstinado), é aquele capaz de ver para além da decisão e pensar na implementação daquilo que foi votado.
No entanto, afinal é ele que acaba por ter razão porque, na hora de executar o plano, nenhum rato se dispõe a fazer o serviço arriscado e colocar o guizo no pescoço do felino.
O rato casmurro em minoria se revela como sendo o único do grupo com visão de futuro e senso prático.
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