Todos os dias o cavalo selvagem saciava sua sede num rio pouco profundo.
Ali também ia um javali que, ao remover o barro do fundo com o focinho e as patas, deixava a água barrenta.
O cavalo lhe pediu que tivesse mais cuidado, mas o javali se ofendeu e o chamou de louco.
Terminaram olhando-se com ódio, como os piores inimigos.
Então o cavalo selvagem, cheio de ira, foi buscar o homem e lhe pediu ajuda.
- Enfrentarei essa besta - disse o homem - mas deves me permitir montar em teu lombo.
O cavalo concordou e lá foram, em busca do inimigo.
Encontraram-no perto do bosque e, antes que pudesse se esconder na parte mais densa, o homem jogou sua lança e o matou.
Já livre do javali, o cavalo foi até o rio para beber em suas águas claras, certo de que não voltaria a ser incomodado.
Mas o homem não pensava em desmontar.
- Alegro-me ter ajudado - disse - Não só matei o animal, mas também capturei um esplêndido cavalo.
E, ainda que o animal tenha resistido, obrigou-o a fazer sua vontade, colocou-lhe sela e lhe fez de montaria.
Ele, que sempre havia sido livre como o vento, pela primeira vez em sua vida teve que obedecer a um senhor.
Estando selada sua sorte, desde então se lamenta noite e dia:
- Tonto! Os incômodos que me causava o javali não eram nada comparados com isto. Por aumentar um assunto sem importância, terminei sendo escravo!
Moral da história: Às vezes, no intenção de castigar quem nos incomoda, nos aliamos com quem só tem interesse em nos dominar.
Cigarra e a Formiga - Versão resumida de Esopo, traduzida por Ruth Rocha em 2010
Rapunzel - Irmãos Grimm
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